Série: 3ª série – Ensino Médio
Assunto: Revolução Inglesa e Revolução Industrial
Professor: Dayvid Machado Fernandes – História
DAS REVOLUÇÕES INGLESAS À REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL
→ Origens do processo revolucionário
− O processo revolucionário
que se desenrolou na Inglaterra do século XVII tem as raízes nas mudanças
socioeconômicas ocorridas no século anterior.
−
Durante a dinastia Tudor (1485-1603), a política mercantilista de monarcas
poderosos, como Henrique VIII (1509-1547) e Elisabeth I (1558-1603),
ajudou a Inglaterra a se transformar em uma grande potência econômica.
•
Em 1558, no governo da rainha Elizabeth I, derrotou a "invencível
Armada" da Espanha, maior força naval do mundo na época.
└ Para isso aumentou a
sua frota, concedeu empréstimos e monopólios - favoreceu a expansão marítima na
Inglaterra e atendeu aos interesses da burguesia mercantil inglesa.
•
A rainha manteve-se próxima ao Parlamento, incentivou a ação de corsários e
expedições de exploração de terras no Novo Mundo.
•
Consolidou o anglicanismo na Inglaterra e estimulou o desenvolvimento das
manufaturas e do comércio.
→ Mudanças na sociedade inglesa
−
Em meados do século XVI, a sociedade inglesa passava por profundas
transformações:
•
No campo - verificava-se um processo conhecido como cercamento de terra
(enclosure).
└ As terras comunais eram
cercadas pelos senhores para da lugar à criação de ovelhas.
•
Os camponeses foram
obrigados a sair das terras e os proprietários das terras formavam uma pequena
nobreza mais próxima a burguesia do que dos antigos senhores feudais = Gentry.
•
Os cercamentos provocaram o êxodo rural e um consequente inchaço urbano, responsável por vários problemas
sociais.
•
Os yeomem (pequenos e médios proprietários) - também vinham prosperando
- junto com a gentry, produziam e vendiam lã e gêneros agrícolas que a marinha
mercante inglesa comercializava nos quatro cantos do mundo.
→ O absolutismo dos Stuart
−
A morte de Elizabeth I, em 1603, criou um grave problema sucessório, pois a
rainha não deixou herdeiros diretos.
−
O trono passou a seu primo, Jaime Stuart (1603-1625), rei da Escócia -
coroado sob o título de Jaime I da Inglaterra.
−
Defensor do direito divino dos reis, Jaime I governou como um rei
absolutista - adotou medidas políticas, econômicas e religiosas que
desagradaram a maioria dos ingleses e desencadearam várias crises entre a Coroa
e o Parlamento.
•
Ordenou que todos os seus súditos seguissem o anglicanismo - a religião oficial
do Estado inglês.
•
Adotou uma política tributária extorsiva - provocou forte oposição do
Parlamento.
−
Com a morte de Jaime I em 1625, seu filho Carlos I(1625-1649) tornou-se
rei da Inglaterra e da Escócia.
•
Durante o seu reinado, os conflitos da época de seu pai, não só continuaram
como se tornaram mais graves.
−
Em 1628, o monarca foi obrigado pelo Parlamento a assinar a Petição de
Direitos.
•
Proibia a Coroa de manter um grande exército ou criar novos impostos sem a
prévia aprovação dos parlamentares.
−
No ano seguinte, o rei dissolveu o Parlamento e governou sem ele durante 11
anos.
−
As medidas tomadas por Carlos I tornaram o seu governo extremamente impopular:
•
O rei exigia que, na Escócia e na Inglaterra, os rituais religiosos fosse
celebrados com todas as cerimônias e vestimentas da Igreja Anglicana
tradicional.
└ Revoltados os puritanos
escoceses decidiram pegar em armas.
• A fim de aumentar impostos para
financiar a luta contra os escoceses, Carlos I convocou novamente, em abril de
1640, o Parlamento inglês - como se manifestou contrário a reivindicação do
rei, um mês depois, o Parlamento foi dissolvido.
•
Os escoceses invadiram o norte da Inglaterra e Carlos I viu-se outra vez
dependente de recursos financeiros para cobrir os gastos com a guerra.
└ A contragosto, voltou a
convocar o Parlamento em novembro de 1640.
•
Com o rei na defensiva o Parlamento tentou impor suas reivindicações:
└ O monarca ficaria
obrigado a convocá-lo regularmente.
└ Os ministros e os
clérigos considerados pró-católicos seriam punidos e alguns impostos seriam
declarados ilegais.
└ O Parlamento
exigia que fossem feitas reformas para
limitar o poder do soberano.
•
Em resposta o rei ordenou ao exército
que invadisse o Parlamento e prendesse os líderes mais críticos.
└ Essa decisão fez
eclodir em 1642, uma guerra civil (1642-1649).
→ O Parlamento inglês
−
O Parlamento inglês compunha-se de duas câmaras:
•
A Câmara dos Lordes: Eram em sua maioria adeptos da Igreja Anglicana.
└ Lordes Espirituais -
cúpula do clero anglicano.
└ Lordes Temporais -
nobres titulados (duques, barões, condes e outros) - que pertenciam as grandes
famílias aristocráticas, proprietários de grandes extensões de terra.
•
A Câmara dos comuns: Eram em geral presbiterianos (alta burguesia e
membros da gentry) e puritanos (pequena e média burguesia, pequenos
proprietários rurais , arrendatários ou yeomen) .
└ Pequenos proprietários
rurais (pertencentes a classe dos yeomen)
└ Grandes burgueses e gentlemen (pertencentes a gentry) -
formavam uma nobreza de status.
→ A Revolução Puritana (1642 a 1649)
−
Do ponto de vista social:
•
A alta nobreza, alguns burgueses favorecidos por monopólios reais e os membros
do clero anglicano e católico, lutaram ao lado do rei.
•
A burguesia manufatureira e mercantil, a
gentry e os yeomen, de religião puritana, lutaram ao lado do Parlamento.
−
Durante a guerra, os integrantes do exército parlamentar, chamados "cabeças
redondas", por usarem cabelo curto, obtiveram diversas vitórias contra
os membros do exército real, denominados "cavaleiros", por
causa da sua origem nobre.
−
O exército parlamentar venceu em virtude de sua superioridade numérica e
estratégica e por causa da remodelação promovida pelo militar Oliver Cromwell.
•
Cromwell substituiu o nascimento (origem) pelo merecimento (eficiência militar)
como critério de promoção na carreira militar - O New Model Army
(Exército de Novo Tipo).
−
O rei Carlos I foi condenado a morte e decapitado no início de 1649 - a
monarquia foi declarada "desnecessária", opressiva e perigosa - a
Câmara dos Lordes foi abolida - a República foi proclamada - Cromwell assumiu o
governo do país.
→ Repressão aos radicais
−
Entre as forças que apoiavam Cromwell , havia grupos radicais, como os
levellers (niveladores) e os diggers (escavadores):
•
Os niveladores (levellers):
└ Defendiam o voto
universal masculino
└ O direito de
representação para todos os ingleses livres
└ Se opunham à
desmobilização do exército e ao fim do pagamento do soldo
•
Os escavadores (diggers):
└ Condenavam os
cercamentos
└ Defendiam a volta das
terras comunais, as cooperativas rurais como forma de propriedade
└ Divisão das terras
confiscadas pelo Parlamento à Igreja Anglicana e aos senhores feudais
−
Cromwell e o Parlamento, todavia, não estavam dispostos a ir tão longe, pois as
propostas dos niveladores e dos escavadores ameaçavam os interesses da gentry e
da burguesia.
−
Sua resposta às manifestações dos dois grupos radicais foi a repressão e a
execução de seus líderes.
→ A República de Cromwell
−
Oliver Cromwell dividiu-se entre ações administrativas e militares
•
Esmagou uma rebelião de católicos e monarquistas na Irlanda (1649-1650)
•
Derrotou tropas escocesas que apoiavam o herdeiro ao trono, pondo fim a guerra
civil.
•
Na esfera administrativa, o governo extinguiu as taxações arbitrárias
•
Em 1651, expediu os Atos de Navegação - ficando estabelecido que todos
os produtos que entrassem na Inglaterra deveriam ser transportados, apenas por
navios ingleses, que beneficiou os setores mercantis e a construção naval.
−
Todas as manifestações de oposição foram esmagadas pelo governo de Cromwell,
que passou a ser visto como tirano.
−
Em 1653, diante da oposição dos conservadores e dos grupos radicais, Cromwell
dissolveu o Parlamento e assumiu o título de Lord Protetor da
Inglaterra, da Escócia e da Irlanda.
−
Quando faleceu, em 1658, Richard, seu filho assumiu o poder, mas não tinha a
mesmo prestígio político e autoridade moral do pai - foi deposto no ano
seguinte.
−
Em maio de 1660, o Parlamento, novamente dominado pelos moderados antes
perseguidos por Cromwell, autorizou a restauração da monarquia,
proclamando Carlos II, filho do rei decapitado, como soberano da
Inglaterra e da Escócia.
→ Revolução Gloriosa
−
Com Carlos II (1660-1685), as tensões entre a monarquia e o Parlamento
voltaram a dominar a cena política.
•
Passou a disputar a soberania com o Parlamento
•
Externou seu ódio ao puritano Oliver Cromwell - mandou desenterrar o corpo e
decepou a cabeça dele publicamente.
•
Não escondeu a sua simpatia pelo catolicismo.
−
Jaime II (1685-1689) - seu irmão e sucessor, foi mais longe:
•
Centralizou o poder e governou de forma autoritária.
•
Tentou impor o catolicismo aos ingleses desafiando o Parlamento de maioria
protestante.
•
Buscou aliar-se a Luís XIV, da França, o monarca absolutista mais poderoso da
Europa.
−
O Parlamento reagiu convidando o príncipe holandês Guilherme de Orange,
genro de Jaime II a ocupar o trono inglês.
•
Em 1688, Guilherme de Orange entrou na Inglaterra com o seu exército e
destronou o sogro e, por ato do Parlamento, foi declarado rei.
•
Guilherme de Orange jurou obedecer a Declaração de Direitos (Bill of Rights -
1689) - vigente na Inglaterra até hoje.
−
Com ele tinha início uma nova forma de governo - a Monarquia Parlamentar.
→ Por que a Inglaterra foi a primeira a se industrializar
− Acúmulo de capitais
−
Modernização da agricultura
−
Mão de obra farta e barata
−
Abundância de carvão mineral e de ferro no subsolo inglês
−
O puritanismo - Não condenava o lucro e pregava uma vida voltada para o
trabalho e oração.
−
A Revolução Gloriosa - favoreceu o desenvolvimento do capitalismo, estimulando,
portanto os negócios da burguesia.
→ Artesanato, manufatura e sistema fabril
−
Artesanato
•
Todas as etapas do processo produtivo poderiam ser executadas por uma única
pessoa.
•
O artesão era dono do seu tempo, das ferramentas de trabalho e da
matéria-prima.
•
Predominava a mão de obra familiar.
•
O artesão era dono do produto final e era o próprio comerciante.
−
Manufatura
•
Nesse novo sistema, os trabalhadores eram contratados por um comerciante e
concentrados em um local específico.
•
Cada trabalhador, ou grupo de trabalhadores, dedicava-se apenas a uma das
etapas da produção.
•
Os trabalhadores passaram a receber uma pequena porcentagem da produção =
salário.
−
Maquinofatura
•
A introdução das máquinas e o uso da
energia a vapor permitiram a divisão e a especialização do trabalho nas
fábricas.
•
Aumento da produtividade
•
Transformou o artesão em um simples trabalhador assalariado, especializado em
apenas um tipo de tarefa.
→ O trabalho na era industrial
−
A industrialização representou uma mudança social profunda na medida em que transformou
a vida dos seres humanos, implicando elevados custos sociais e ambientais.
−
O controle técnico da produção passou para as mãos dos capitalistas.
−
Alienação crescente do trabalhador, cada vez mais afastado do produto final do
seu esforço.
−
A vida dos primeiros trabalhadores das fábricas era extremamente insalubre
−
Chegavam a trabalhar até 18 horas por dia em ambientes abafados, mal iluminados
e sujos.
−
Desempenhavam funções cansativas e monótonas, o que os deixavam vulneráveis a
qualquer tipo de acidente.
−
Não havia direitos trabalhistas, como férias, horas extras e descanso semanal
remunerado.
−
Os salários eram baixos e, quando desempregados, não contavam com nenhum tipo
de auxílio.
→ Mulheres e crianças nas fábricas
−
As mulheres geralmente eram recrutadas nas fábricas têxteis por serem mais
habilidosas e detalhistas, e recebiam salários bem menores que o dos homens.
−
A criança era muitas vezes preferida, devido a maior facilidade de aprendizado,
à submissão no cumprimento das ordens, à agilidade e por serem pequenas para se
movimentarem por entre as peças das máquinas.
−
Além da jornada de trabalho extenuante, elas também sofriam com os castigos
físicos, caso adormecessem ou diminuíssem o ritmo de trabalho.
−
Corriam o risco de contrair doenças e sofrerem acidentes.
→ A organização dos trabalhadores
−
As primeiras organizações dos trabalhadores na Inglaterra ficaram conhecidas
como trade unions.
−
As péssimas situações de trabalho e de vida trazidas pela Revolução Industrial,
aumentaram e motivavam sucessivas reações por parte dos trabalhadores.
−
Ludismo
•
O movimento de destruição das máquinas recebeu o nome de ludismo em
homenagem ao operário Ned Ludd, que havia quebrado o tear de uma fábrica
ao se aborrecer com o seu patrão.
•
As ações dos ludistas alastraram-se por diversas regiões da Inglaterra - porém
os principais líderes do movimento foram enforcados e centenas de operários
foram presos.
−
Os trabalhadores passaram a reagir por meio de greves e marchas de protesto e a
exigir a redução da jornada de trabalho, abolição dos castigos nas fábricas e o
aumento de salário.
−
Cartismo
•
Afastado da arena pública, o proletariado urbano reclamava o direito de
participar efetivamente das eleições, porém enfrentava forte resistência do
Parlamento britânico - Diante de tal situação, muitos trabalhadores alistaram-se
em um movimento que ficou conhecido como cartismo.
•
Organizado por Feargus O'Connor e William Lovett, o movimento cartista teve
origem numa petição conhecida como Carta do Povo, apresentada ao
Parlamento em 1538, reivindicava os seguintes pontos:
└ Sufrágio universal
masculino
└ Igualdade de direitos
eleitorais
└ Voto secreto
└ Legislaturas anuais
└ Abolição do censo
eleitoral (requisitos de propriedade) para os membros da Câmara dos Comuns
└ Remuneração das funções
parlamentares
•
Só no final do século XIX e no início do século XX foi aprovada uma série de
leis que melhoraram as condições de trabalho nas fábricas e nas minas inglesas.
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